Transcorria o ano de 1992 e o Rio se preparava para um mega
evento de repercussão internacional. A Eco 92. Mas
aquele era o ano dos “cara-pintadas”. Aquele
movimento popular e espontâneo que levaria o Brasil
a novos patamares da democracia. Foi lá pelos meados
daquele ano tumultuado, que um grupo de veteranos da Shell
Brasil reuniu-se no Restaurante Português da Rua do
Rosário, no Rio de Janeiro, para um congraçamento,
lembranças e muita conver4sa sobre a temperatura
dos acontecimentos na vida nacional. O grupo era formado
pelo Lemgruber, Xavier, Pedro Paulo, Nelci, Fábio,
Barouth e Manfred. Aliás, o Manfred era na época
o único ainda na ativa da Cia.
Mas passaram-se muitos outros encontros até o final
de 1995, até que alguém no grupo resolvesse
lançar a idéia de se fundar uma associação
que congregasse os funcionários que se aposentavam
na Shell. E a idéia amadureceu. Através de
uma listagem fornecida pela Comshell foi enviada uma carta
a cada aposentado convidando-o a fazer parte da nova associação.
Associação de Aposentados ex-Shell foi o nome
escolhido. Lemgruber, o “jurídico” do
grupo, incumbiu-se da redação do Estatuto
Social, enquanto que o Manfred ofereceu o endereço
de sua residência para a sede da Associação.
Estabeleceu-se, também, que as diretorias seriam
formadas por associados eleitos em Assembléia. Promover
o congraçamento, manter um bom relacionamento com
a Shell e representar os interesses coletivos dos associados
eram os principais objetivos da AAES. Ato contínuo,
a fundação ocorreu em 14 de agosto de 1996.
A primeira diretoria era formada por Manfred (Presidente),
Fábio (vice-presidente) e Nelci e Lemgruber (diretores).
Uma cópia do Estatuto Social foi enviada a cada potencial
associado. Para o custeio das despesas da Associação
foi estipulada uma mensalidade de R$ 10. A primeira reunião
formal foi registrada no Livro de Atas em 3 de setembro
de 1996. Presentes estavam, além da diretoria, os
velhos amigos e já associados, Pedro Paulo, Platilha
e Itamar. O impulso inicial de filiações foi
muito animador e a 2ª Reunião, em 12 de novembro
do mesmo ano, registrou a inscrição de 70
ex-funcionários na AAES.
Para uma associação de âmbito nacional
seria necessário criar pontos focais regionais. A
comunidade de São Paulo foi então convidada
para uma apresentação sobre a Associação
no Clube Alemão. São Paulo e, posteriormente,
Curitiba foram os primeiros pontos focais regionais. Mais
tarde foram nomeados novos representantes para Belo Horizonte,
Recife, Campinas e Porto Alegre.
Já que o congraçamento entre os associados
é um dos principais objetivos da Associação,
foi então marcado o primeiro almoço de confraternização.
O Restaurante Roda-Viva, no bairro da Urca, zona sul do
Rio, foi escolhido. Como convidados especiais foram chamados
o presidente e a vice-presidente da Shell, respectivamente,
Win Goebel e Karen de Segundo, além de todos os associados.
Com a presença do presidente, da diretora de RH,
Maria Helena Monteiro e da gerente de Comunicações,
Ciléa Gropillo de Carvalho, bem como de expressivo
número de associados, o evento foi um sucesso. Assim
se confirmou a vocação da Associação
como verdadeira catalisadora para encontro de velhos conhecidos.
Ainda em 1996, foi obtido o CNPJ, antigo CGC. Embora a sede
estatutária fosse na Ilha do Governador, na prática,
e por motivos de facilidade de acesso, as reuniões
eram feitas no escritório “virtual” das
instalações do CTR (Centro de Treinamento
e Recrutamento Ltda), empresa essa pertencente ao Platilha
e Itamar e localizada à Rua Uruguaiana, 10, 2º andar.
Uma Nova Sede
O interesse pelas filiações não esmorecia.
Já na Ata da 4ª Reunião, em 22 de janeiro
de 1997, o número de associados havia saltado para
121. Um aumento de 73% em apenas cinco meses. Muitas reuniões
e mais alguns anos se passaram até que em fevereiro
de 1999, o Fábio, na época como vice-presidente
no mandato do Nelci, lançou a semente da compra de
uma sede própria para a AAES. A idéia foi
acolhida com grande entusiasmo pelos demais diretores e
começou imediatamente a ser trabalhada. O novo local
deveria ser mais amplo, dando mais liberdade para as atividades
que se propunha desempenhar, e de fácil acesso para
“incentivar” a participação dos
associados nas reuniões e encontros informais.
Já pensando em atrair mais associados, o Estatuto
recebeu sua primeira alteração. Ficou decidido,
em Assembléia realizada em março de 1999,
que a Associação estaria abrindo suas portas
a ex-funcionários aposentados que tivessem mais de
10 anos de Cia e não mais os 15 anos exigidos inicialmente.
Nessa mesma reunião resolveu-se pela isenção
de pagamento de mensalidade para os associados que completassem
80 anos.
Para atender a essas especificações, decidiu-se
localizar a sede no centro do Rio. A valorização
dos imóveis naquela área, no entanto, fazia
com que os recursos financeiros disponíveis pela
AAES não fossem suficientes. A resposta quase que
natural apontava sempre a mesma direção. A
da Shell. E muitos foram os encontros com executivos da
Cia na tentativa de viabilizar aquele sonho. Muitas foram,
também, as frustrações por não
se conseguir a resposta desejada.
Passaram-se então quase três anos para que
o sonho se materializasse. Foi já no mandato do Antônio
Luís e do Platilha que a Cia. Concordou, em novembro
de 2001, em doar à Associação a parte
da quantia necessária. Mas a Associação
só passou a ocupar suas novas instalações
- na Rua da Alfândega, 108, sala 503, no centro do
Rio - em abril de 2002, após a conclusão de
reformas levadas a cabo sob a supervisão da arquiteta
Rosana, filha do Platilha.
Muitas Conquistas e outras ainda por vir
Muitas outras conquistas importantes ocorreram nesses anos.
Há que se mencionar a participação
da Associação na reestruturação
do plano de saúde para os aposentados, inicialmente
com o Unibanco e depois com o Bradesco Saúde, a uniformização
do critério de reajuste do benefício anual
da Comshell, o Plano Funeral e a re-introdução
e atualização do seguro de vida junto à
Shell e sua seguradora.
A Associação, também, chamou para si
a responsabilidade pela orientação dos associados
no acerto dos saldos do FGTS, com vistas ao ressarcimento
dos valores não pagos nos expurgos dos Planos Verão
e Collor. Aproximadamente R$ 2 milhões foi o valor
estimado desses ressarcimentos para os associados. A Associação
participou também na regularização
das contas de Optante/Não Optante do FGTS junto à
Shell.
Inúmeros foram os convênios e parcerias fechadas
ao longo do tempo para o benefício dos associados.
De clínicas médicas a laboratórios
de análise e óticas, de hotéis à
possibilidade de filiação ao SESC e, mais
ultimamente, a parceria com o Rota da Cultura, entidade
que promove palestras e debates com vistas à reciclagem
cultural.
Novas alterações do Estatuto foram implementadas
pela diretoria que assumiu em 2005. As mais importantes
sendo a mudança do nome da entidade, que passa a
se chamar Associação de Veteranos Shell –
AVS e a possibilidade de funcionários, ainda na ativa
das empresas Shell e suas coligadas no Brasil e no exterior,
poderem ingressar na Associação. Informatização
de processos, identificação de novas alternativas
de pagamento das mensalidades e a ampliação
das oportunidades de participação dos associados
em trabalhos voluntários, estão entre as demais
prioridades para o mandato 2005/2006.
Fernando Leite